30 de setembro de 2012

Chamado e Missão




Ser chamado a viver plenamente a felicidade é a missão primeira do ser humano. E nada mais consolador que saber que é o próprio Cristo que nos garante o cumprimento desta promessa, pois somente Ele é que possui palavras de vida; e de vida eterna!
Assim, a vocação cristã, iniciada no batismo, deve ser assumida verdadeiramente pelo cristão, o qual deve deixar-se modelar por Jesus e, paulatinamente, configurar-se à Ele, para que seja possível dizer com São Paulo: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20).
As dimensões da vocação não estão restritas a consagração religiosa, mas ultrapassam-na, ao ponto de transformar a vida em uma contínua efusão de religiosidade, na qual é assumida a Verdade da fé e compreendida pela doutrina. O sentido vocacional encontra entendimento quando não se procura a satisfação própria, mas a d’Aquele que nos chama a segui-lo, pois não se deve buscar o cumprimento de nossa vontade, mas a dele.
A vocação deve ser vivenciada em todos os sentidos da vida humana. Primeiramente, é um dom; e por assim ser, deve ser empreendida para o bem, próprio e comum. É dever, portanto, vivenciar a vocação em todo tempo e lugar, seja na família quanto no celibato, assimilando os mandamentos do Santo Evangelho e os valores cristãos.
O modelo perfeito de vocacionada está em Maria, Serva, Mãe e Rainha. Em toda sua vida, Maria vivenciou a Plenitude e a Totalidade, irradiando clareza, difundindo bondade e sendo identificada, única e somente, ao seu Criador. Assim, como Maria, quando somos configurados em Cristo, no tornamos luz que dissipa a escuridão e verdadeiros discípulos-missionários.

Santa Terezinha do Menino Jesus, rogai por nós. 
Santíssima Virgem Maria, Mãe dos vocacionados, intercedei por nós.

29 de setembro de 2012

O valor da amizade

"A vida é enaltecida pela amizade. Nela encontra seu real significado. Amigos verdadeiros complementam-se. Sabem como multiplicar e compreendem a necessidade de dividir: multiplicam a alegria e dividem a dor".

Bruno Raphael da Cunha Dobicz

22 de setembro de 2012

A liberdade do homem: o Livre-arbítrio segundo os ensinamentos de Santo Agostinho

Por Bruno Raphael da Cunha Dobicz - Graduando do 2º ano em Filosofia pela PUCPR



A inquietação humana em buscar respostas aos questionamentos que fogem à simples constatação dos sentidos impulsionou diversos pensadores a discorrer sobre temas de grande repercussão. Assim ocorre acerca do livre arbítrio. Desde a antiguidade grega, a temática, que inclui a liberdade, é abordada filosoficamente em reflexões, as quais influenciam a consideração dos homens de todas as épocas.
Seguindo as noções da filosofia cristã, este tema é abordado tanto pelos Padres patrísticos como escolásticos. Já nas obras de Orígenes é possível observar reflexões sobre o livre arbítrio. Encontra-se algo semelhante principalmente nas obras de Nemésio de Emesa, Boécio, São Bernardo de Claraval e São Tomás de Aquino. Contudo, é nas palavras de Santo Agostinho que a abordagem é memorada. Dentre suas duzentas e trinta e duas obras, em “De libero arbitrio” (O Livre-Arbítrio) o insigne filósofo imprime uma importante consideração sobre o bem e o mal; a prova da existência de Deus; o auxílio da graça divina; e a liberdade do homem em agir segundo as paixões ou ponderar suas ações visando os bens eternos.
Seguindo os passos de Santo Agostinho, é possível compreender seu pensamento em relação ao agir do homem, o qual tem a liberdade em optar entre proceder retamente ou não. Afinal, o homem tem consciência de determinar a si mesmo e de ser responsável por seus atos.
Para ele, a alma humana é dotada de razão e vontade, sendo estes os fatores que a distingue dos animais. O homem, portanto, graças a sua racionalidade, pode definir suas ações, condicionando sua vontade a um agir moral. Todavia, o mal ou o bem são condicionados às disposições do espírito, podendo tender às virtudes ou aos vícios.
Neste plano inicia-se a discussão que perpassa toda a obra: se tudo provém de Deus, que é Bem, de onde provém o mal?
A posição de Agostinho é sumamente clara em afirmar que Deus não é autor do pecado – mal – mas sendo este derivado da inconstante e fraca conduta humana, que se submete aos ditames das paixões, acarretando, conseqüentemente, no afastamento de Deus.
Sua posição é uma contraposição aos erros maniqueístas, que afirmavam ser o mal uma substância. Inspirado por Plotino, Agostinho resolve a questão defendendo que o mal não é substância, mas uma lacuna, um defeito, ou melhor, ausência de algo que deveria estar presente: ou seja, o bem. Portanto, o mal não é um ser, mas deficiência e privação de ser.
Entende-se a deficiência do ser em relação às imperfeições encontradas no homem que, embora criado por Deus, aquele é infinitamente inferior à seu criador, sendo deficiente ontologicamente, devido às inclinações da vontade e mau uso da liberdade. Ademais, é o mal privação de ser, pois o homem, devido ao pecado original, é privado da participação e plenitude do Bem – Ser no qual não há  mal algum.
Escreve Santo Agostinho:


“E o mal, cuja origem eu buscava, não é uma substância, porque, se fosse uma substância, seria um bem. E, na verdade, seria uma substância incorruptível e, por isso, sem dúvida um grande bem ou seria uma substância corruptível e, por isso, um bem que, de outra forma, não poderia estar sujeito à corrupção. Por isso, vi claramente como tu fizeste boas todas as coisas” (REALE; ANTISERI, 1990, p. 455).


O ilustre Bispo de Hipona divide o mal em três níveis, a saber: metafísico-ontológico; moral; e físico.
“Do ponto de vista metafísico-ontológico, não existe mal no cosmos, mas apenas graus inferiores de ser, em relação à Deus, graus esses que dependem da finitude do ser criado e dos diferentes níveis dessa finitude” (AGOSTINHO, 1995, p. 16). Mesmo aquilo que possa parecer defeito, na ótica universal, desaparece, pois todas as coisas estão articuladas em um incompreensível conjunto harmônico. Ou seja, não há mal no universo, pois este é perfeito e ordenado.
Quanto ao mal moral, este constitui o pecado, que depende da má vontade humana. Em princípio, deveria a vontade tender para o Bem supremo, mas, como existem muitos bens criados e finitos, a vontade pode tender para eles, preferindo à criatura ao invés de Deus. Ou seja, escolhe os bens inferiores em destarte dos bens superiores. “Sendo assim, o mal deriva do fato de que não há um único bem, e sim muitos bens, consistindo precisamente o pecado na escolha incorreta entre esses bens. [...] O fato de ser recebido de Deus uma vontade livre é para nós grande bem. O mal é mau uso desse grande bem” (AGOSTINHO, 1995, p. 16).
Já o mal físico, compreendido como padecimentos do corpo e da matéria – doenças, sofrimentos e morte – é conseqüência do pecado original, conseqüência do mal moral.
Em suma, Deus não é autor do pecado, tendo este origem no próprio homem, quando submete sua vontade às paixões desordenadas, que decorre da imperfeição de sua natureza. Exprime, portanto, que o homem é livre para fazer o bem, não sendo forçado a cometer o mal. Assim, “a vontade que opta pelo mal, torna-se má; a que escolhe o bem, torna-se boa” (BOEHNER; GILSON, 2010, p. 191).
Outro ponto a ser considerado é que o poder da vontade para optar livremente entre o bem e o mal se baseia na sua aptidão para participar da felicidade, pois sendo o homem livre e utilizando sua liberdade na prática do bem, torna-se feliz. Ao contrário, agindo conforme as inclinações das paixões, mesmo gozando do prazer terrestre, o homem não encontra a felicidade, pois esta está contida somente no bem, cuja procedência é o sumo Bem.
Segundo Santo Agostinho, “sabemos que o nosso destino é a participação na felicidade, o que pressupõe a presença, em nós, de uma vontade capaz de tomar posse desta felicidade”[1]. Contudo, a vontade pode regozijar-se egoisticamente seu próprio bem “ao invés de buscar a felicidade no bem incomutável e comum a todos: e nisto consiste o pecado”[2]. Continua Santo Agostinho:


“É o que sucede quando a vontade aspira a governar-se por si mesma, ou quando procura conhecer o que não é de sua conta, ou ainda, quando sucumbe aos apetites da carne. E assim, pela soberba, a vã curiosidade e o vício, o homem se exclui a si mesmo da verdadeira vida, passando a levar uma vida de morte. Este castigo é justo, visto tratar-se também aqui, de efeitos da vontade.
Com se vê, a liberdade para o bem, que inclui, como reverso, a liberdade para o mal, radica, em última análise, na possibilidade da felicidade”[3].


A felicidade, como discorre Agostinho, provém da escolha e da prática do bem. Todavia, tais atos somente podem ser efetivados mediante o auxílio da graça divina, pois após a queda do pecado original, a humanidade tornou-se necessitada da graça divina. Afinal, “quando o homem procura viver retamente valendo-se unicamente de suas próprias forças, sem ajuda da graça divina libertadora, então ele é vencido pelo pecado; mas o homem tem o poder de crer em sua livre vontade e no seu libertador, acolhendo a graça” (REALE; ANTISERI, 1990, p. 457).
            São necessárias duas condições para a prática do bem, segundo Etienne Gilson: um dom de Deus, que é a graça, e o livre arbítrio. Segundo ele, sem o livre arbítrio, não haveria problemas; sem a graça, o livre arbítrio não iria querer o bem ou, se o quisesse, não poderia realizá-lo, pois o pecado original afasta o homem de Deus. A graça, desta forma, não tem o efeito de suprir a vontade, mas sim de torná-la boa. (GILSON, 1929, p. 202).
De acordo com o pesquisador, a possibilidade de fazer o mal é inseparável do livre arbítrio, mas o poder de não fazê-lo é marca da liberdade. Ademais, encontrar-se confirmado na graça a ponto de não poder mais fazer o mal é o grau supremo da liberdade. (GILSON, 1929, p. 202).
Por fim, todas as considerações realizadas por Santo Agostinho acerca do livre arbítrio influenciaram decisivamente a conduta do homem, principalmente o homem ocidental. É em seu pensamento que muitos outros pensadores se apoiaram e, graças à sua genialidade, o assunto continua vivo e feito tema de discussões.







[1] De lib. arb. 2, 19, 52; 1268 apud BOEHNER, Philoteus; GILSON, Etienne. História da Filosofia Cristã. 10. ed. Petrópolis: 2007.  p. 191).
[2] Ibid.; 1269 apud  BOEHNER, Philoteus; GILSON, Etienne. História da Filosofia Cristã. 10. ed. Petrópolis: 2007.  p. 192.
[3] Ibid. 53; 1269 apud BOEHNER, Philoteus; GILSON, Etienne. História da Filosofia Cristã. 10. ed. Petrópolis: 2007.  p. 192.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


AGOSTINHO, Santo. O Livre-Arbítrio. Tradução e introdução de Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulus, 1995.

BOEHNER, Philotheus. GILSON, Etienne. História da Filosofia Cristã. 10. ed. Vozes: Petrópolis, 2007.

GILSON, Etienne. Introduction à l’étude de saint Augustin. 2. ed. Paris:___, 1929.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. Antiguidade e Idade Média. 4. ed. São Paulo: Paulus, 1990.





17 de setembro de 2012

Setembro, mês da bíblia: a Palavra de Deus e a espiritualidade da Igreja




  1. COLOCAR-SE EM ESCUTA

O ser humano, ao vir ao mundo após a gestação materna, experimenta conjuntamente com outros sentidos a audição. Esta “nova” modalidade sensitiva para o recém-nascido possibilita-lhe uma nova abordagem para seu relacionamento, uma nova forma de descoberta e aprendizado. Fica atento a todas as coisas postas ao seu redor. Familiariza-se com elas, com a voz dos pais, irmãos e com os sons emitidos pelos mais diversificados meios.
Assim também os cristãos, quando “iniciam” a experiência da escuta interior, buscam familiarizar-se com a voz de Deus, que fala incessantemente aos corações que se colocam a ouvi-lo. Procuram, em todas as coisas criadas, ouvir e compreender a voz do Criador, cujo Verbo – princípio e fim – encarnou-se para renovar a Aliança, cumprir a vontade do Pai e revelar-nos plenamente as Escrituras.
A Igreja, Esposa e Corpo Místico de Cristo, comunica ao mundo a Palavra do Deus Trinitário, seu dileto Esposo. Durante séculos anuncia, quão Esposa fiel, a Boa Nova, a Salvação e a sua Vontade. E todos seus filhos, atentos aos dizeres da Mãe, colocam-se em atitude de escuta, levando-os a praticar os ensinamentos aprendidos.
Aprouve a Deus revelar-se aos profetas, portadores do anúncio da renovação da Aliança e, perfeitamente, em Jesus Cristo, cuja Palavra contém toda a origem, todo o sentido, toda a unidade e a plenitude da Vida.
Desta forma, junto com Simão Pedro perguntamos: “A quem iremos, Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus (Jo 6, 68-69)”.
Nesta Palavra, tão antiga e tão nova, é revelada a vontade do Pai. Assim, o Concílio Vaticano II, ao expressar a Revelação Divina, declara:

“Depois de ter falado muitas vezes e de muitos modos pelos profetas, falou-nos Deus nestes nossos dias, que são os últimos, através de Seu Filho (Heb. 1, 1-2). Com efeito, enviou o Seu Filho, isto é, o Verbo eterno, que ilumina todos os homens, para habitar entre os homens e manifestar-lhes a vida íntima de Deus (cfr. Jo. 1, 1-18). Jesus Cristo, Verbo feito carne, enviado ‘como homem para os homens’, ‘fala, portanto, as palavras de Deus’ (Jo. 3,34) e consuma a obra de salvação que o Pai lhe mandou realizar (cfr. Jo. 5,36; 17,4).”[1]

Na Revelação “quis Deus manifestar e comunicar-se a Si mesmo e os decretos eternos da Sua vontade a respeito da salvação dos homens, para os fazer participar dos bens divinos, que superam absolutamente a capacidade da inteligência humana”.[2]
Portanto, juntamente com o Magistério e a Tradição, nas Sagradas Escrituras encontramos o próprio Deus vivo, que nos alimenta e orienta por meio de sua Palavra.
Paralelamente à escuta, o coração tocado pelas belezas do Criador eleva um suspiro de alento, uma prece de graça e um louvor de dignidade, para honrar todos os mistérios contidos nas Escrituras.
A palavra é constituinte fundamental do diálogo. Portanto, aquele que ouve é volvido à comunicar e dialogar, primeiramente com o Pai. É voltado ao estado da oração, cujo colóquio é estabelecido com Aquele que diz: “Pedi e dar-se-vos-á” (Mt 7, 7). Ademais, é chamado a compreender a realidade com a visão divina, iluminada pelas verdades da fé e, vivenciando-as, ser luz e sal no mundo.
Sucintamente, a oração é o modo em que entramos em diálogo íntimo com o Pai. Em sua Palavra, buscamos conhece-lo; e quanto mais se conhece, maior é o desejo de conhecer.
A Igreja oferece, dentre outros meios, a Leitura Orante da Palavra – Lectio Divina – como subsídio e caminho para estar em contato com a realidade Transcendente e chegar ao conhecimento da vontade de Deus. É uma fonte que exaure as mais preciosas graças, restaura e fortifica, transbordando na visão contemplativa.
Através deste meio, antigo, porém sempre novo, o servo descobre o sentido pleno de sua vocação batismal e comunica aos povos as alegrias do seguimento de Jesus Mestre, pois tem como missão o cumprimento único da Vontade Divina.


  1. LEITURA ORANTE

A Igreja Militante, que caminha para a Morada Eterna, é peregrina, anunciadora da Salvação e construtora do Reino de Deus. Nela se encontra e encerra a plenitude da Verdade.
Assim, desejosa de anunciar até aos confins do mundo a Palavra, empenha-se vertiginosamente para que todos a conheçam, e proclama, juntamente com São João: “anunciamo-vos a vida eterna, que estava junto do Pai e nos apareceu: anunciamo-vos o que vimos e ouvimos, para que também vós vivais em comunhão conosco, e a nossa comunhão seja com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo” (1 Jo. 1, 2-3).
Unida ao firme compromisso de produzir frutos, a alma fiel encontra nas Escrituras todos os meios para se unir verdadeiramente ao Amado que chama sem cessar. Cresce continuamente em oração, ao ponto de deixar somente Jesus viver em sua alma e exclamar: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal. 2, 20).
Deste modo, a Leitura Orante, compreendida hoje em quatro passos, oferece o caminho para que se chegue à união contemplativa de Deus, compreendendo os fatos históricos e atualizando-os, levando a alma ao estado de meditação e, consequentemente, de oração decidida e fervorosa.
A Lectio Divina tem seu início com a própria Igreja, pois tem sua origem no Verbo encarnado. É a fonte de toda a espiritualidade e, com o auxílio da graça divina, é a ponte para vida unitiva.
 Desde os primórdios da Igreja e, posteriormente com a sistematização dos Escritos, as Sagradas Escrituras sempre foram o fundamento da vida religiosa. Por volta do ano de 1150, o monge cartuxo Guigo registra o método que se tornaria a espinha dorsal da meditação das Escrituras. Compenetrado com sua reflexão, registra os quatro “degraus” da Leitura Orante, dividida em leitura, meditação, oração e contemplação. Eis a escada espiritual que sobe ao céu!
Após o Concílio Vaticano II houve um “reavivamento” da prática da meditação da Palavra de Deus, dando-se realce à Lectio Divina, pois se sabe bem da suma importância para a Igreja, para as missões – apostólicas e cotidianas – assim como meio para não se afastar da Fonte da graças.
A Constituição Dogmática “Dei Verbum” proclama a necessidade de “debruçar-se” sobre as Escrituras e declara:

“Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o texto sagrado, quer através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque ‘a Ele falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos’.[3]

Assim, a Leitura Orante é o momento forte do confronto entre a vontade de Deus e as próprias aspirações. É nela que se compreendem os dizeres de São Tiago: “Sede praticantes da Palavra e não meros ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Aquele, porém, que se debruça sobre a Lei da liberdade, agora levada à perfeição, e nela persevera, não como um ouvinte distraído, mas praticando o que ela ordena, esse será feliz naquilo que faz” (Tg 1, 22-25).


  1. PASSOS DA LEITURA ORANTE E A VIDA ESPIRITUAL

“Mas a minha vida com Jesus somente se desenvolverá, na medida em que Ele for a luz da minha razão e dos meus atos, o amor que rege os afetos do meu coração, a minha força nas provações e nas lutas, o alimento sobrenatural, que me torna participante na própria vida de Deus.
Ora, sem meditação, esta vida com Jesus é moralmente impossível. A meditação reveste-me de uma armadura invulnerável.”[4]

A Lectio Divina é um eficaz meio de fortalecer a vida interior, revigorar a guarda do coração e desejar verdadeiramente a santidade. A alma que busca usufruir da graça santificante que brota deste método, em primeiro momento exclama: Vejo uma fonte, mas ela brota num rochedo escarpado... Tenho sede. Quanto mais contemplo essa água límpida, que me permitirá prosseguir o caminho, mais sede tenho. Quero, a todo o custo, chegar a essa fonte e esforçar-me por atingi-la. Mas reconheço a minha fraqueza. Quero convosco. Aparece um guia. Quer ajudar-me, e só espera o meu pedido. Conduz-me pelas passagens mais difíceis e, em breve, consigo saciar a minha sede, nas águas vivas da graça, que brotam do coração de Jesus.[5]
São Francisco de Sales deixa a preciosa lição de que foi o Espírito Santo que nos deu a Escritura e é o mesmo Espírito que nos dá seu verdadeiro sentido.[6] Deste modo, a invocação da condução do Espírito Santo faz a alma descansar em verdes prados e concede a sabedoria para o entendimento de sua Vontade.
Assim, para saciar-se nas riquezas do Salvador é preciso, como o próprio Cristo, retirar-se, se posicionar em silêncio, deixar o coração comunicar-se com o Pai. No silêncio meditar.
Vejo: Empolgado pela presença viva de Jesus e, assim desembaraçado das distrações naturais, começa-se a leitura, unida à linguagem da fé. Com este objetivo lê-se, cuidadosamente, o texto a meditar; atento às palavras, compenetrado em compreender os seus significados, expressões e frases. Destaca-se o significado do texto em si, juntamente com a análise do contexto histórico, a realidade do escritor e os motivos do texto ser registrado. Tenta-se descobrir as divisões e a articulação do pensamento dentro do texto, estando atento aos seus detalhes. É o primeiro passo para avançar nos degraus espirituais: a leitura.
É Jesus que fala e ensina esta verdade. Portanto, após a leitura e já iniciando um novo passo, nasce o desejo de aumentar a fé naquilo que o Mestre ensina.
Na meditação – novo degrau a subir – atualiza-se o sentido da palavra lida, contextualizando-a com a realidade em que se vive, tanto pessoal como social. É uma perene luz que ilumina os acontecimentos.
É o momento de dialogar com o texto e consigo próprio, refletir o que se leu e descobrir que “a Palavra de Deus está muito perto de ti: está na tua boca e no teu coração, para que a ponhas em prática” (Dt 30, 14).
Neste ponto destaca-se o questionamento sobre o que o texto diz para mim, assimilando e encarnando a Palavra, relacionando-a com a vida. É um passo alargador da visão, pois leva à reflexão e o consequente engajamento com a mudança dos hábitos, o abandono dos vícios e a renúncia das fraquezas.
É um inquérito sob o olhar misericordioso de Deus, que auxilia a descobrir os obstáculos que impendem de imitá-lo, as causas externas e internas de tantas faltas. Portanto, ao considerá-las, avança-se por entre atos de humildade e dor profunda, no desejo de ser melhor e na resolução de nada recusar a Deus.
“Quando você faz a Leitura Orante, o objetivo último não é interpretar a Bíblia, mas interpretar a vida. Não é conhecer o conteúdo do Livro Sagrado, mas, ajudado pela Palavra escrita, descobrir, assumir e celebrar a Palavra viva que Deus fala hoje na sua vida, na nossa vida, na vida do povo, na realidade do mundo em que vivemos (Sl 95, 7); é crescer na fé e, como o profeta Elias, experimentar, cada vez mais, que ‘Vivo é o Senhor, em cuja presença estou!’ (1Rs 17, 1; 16, 15)”.[7]


Tenho sede: a meditação aumenta o desejo de a alma unir-se com Jesus, cuja Água que jorra de seu Coração aberto consola os anseios da alma amante. Faz surgir, com a reflexão, afetos, como alegria, amor, esperança, abandono, temor e a aversão às inclinações terrenas.
Nutrindo o desejo de união íntima com Deus, a alma avança um novo degrau, elevando ao Pai sua oração. É o momento em que o texto me faz dizer algo à Deus, estabelecer diálogo com Aquele que, através do Verbo, diz: “Qualquer coisa, que pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus” (Mt 18, 19).
Vivificando a meditação, a oração é o compromisso com os sentimentos que brotaram no coração. É um esforço para sacudir o torpor e fazer-lhe dizer: Meu Deus, quero unir-me a Vós. Quero aniquilar-me perante Vós. Quero cantar a minha gratidão e a minha alegria para cumprir a vossa vontade. Nunca mais quero mentir, quando digo que vos amo, ou detesto tudo o que vos ofende.[8]
A reflexão fez nascer o desejo da correção e, na oração, é elevado o anseio ao Deus consolador. Faz forjar no coração um amor mais vivo e o compromisso com a resolução assumida. Ademais, reza-se a Jesus, por meio de Maria.
Quero convosco: Todos os passos da Leitura Orante culminam no cumprimento da Vontade de Cristo Jesus, em deixar-lhe viver unicamente na vida da alma amante.
Na contemplação, último degrau, o olhar humano é suplantado pelo olhar de Deus, que clareia a realidade com a fé viva. É ver o mundo e a realidade com o olhar de Deus. Participar do projeto e da vida do próprio Cristo.
Assim como os Santos, é estar revestido pelo desejo de ser inflamado pelo Amor divino de Deus Pai. Não buscando ser servido, mas servir; despojar-se inteiramente da vontade própria e ser revestido pelas graças e virtudes de Cristo, cuja vida inunda o espírito daquele que entrega-se incondicionalmente aos cuidados de tão bondoso Pastor.
É um olhar que leva a viver melhor o compromisso assumido; tomando a cruz, seguir alegre e confiante as pegadas de Cristo, sendo perfeitos discípulos-missionários. É exclamar: “Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1, 38).


  1. ELEMENTO INDISPENSÁVEL PARA O APOSTOLADO


O sentido da Leitura Orante resume-se no firme compromisso de tornarmo-nos pessoas melhores, devotos, piedosos e atentos às necessidades dos pequeninos. É alcançar o cume da vida espiritual, em união feliz com Deus.
Todos os princípios metódicos dos passos são verdadeiros degraus, pois constituem etapas imprescindíveis, nas quais é possível compreender a verdade histórica e o contexto social – passado e atual – se elevando uma súplica humilde e sendo possível revestir-se da força de Cristo.
Com a prática incansável da Lectio Divina, os dias tornar-se-ão agradáveis, mesmos com as dificuldades e tentações, pois sei que o “tudo posso” se apóia “n’Aquele que me fortalece” (Fil 4, 13). No decorrer do tempo irei caminhando alegre e humildemente nas estradas reais do Rei Salvador, levando comigo as Escrituras, tornando sua leitura e meditação em grato exercício. Tomá-la-ei para recordar as minhas resoluções, quando surja a tentação, obstáculo, ou sacrifício; e suplicarei, então, com ardor filial.


[1] DEI VERBUM. 3. Preparação da revelação evangélica.
[2] DEI VERBUM. 6. Necessidade da revelção.
[3] DEI VERBUM. 25. Leiruta da Sagrada Escritura.
[4] CHAUTARD, Jean-Baptiste. A alma de todo apostolado. Porto: Companhia Editora do Minho, 2001. p. 132
[5] CHAUTARD, Jean-Baptiste. A alma de todo apostolado. Porto: Companhia Editora do Minho, 2001. p. 134
[6] KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2009. p. 32
[7] CNBB. Leitura Orante nos Senimários e Casas de Formação. Brasília: Edições CNBB, 2010. p. 31
[8] CHAUTARD, Jean-Baptiste. A alma de todo apostolado. Porto: Companhia Editora do Minho, 2001. p. 136

14 de setembro de 2012

15 de Setembro - Nossa Senhora da Dores

                 Mãe das Dores, alegrai-vos, que depois de tantas lutas 
                estais na glória junto ao Filho e sois Rainha do universo.



Faze, ó Mãe, fonte de amor, 
que eu sinta em mim tua dor, 
para contigo chorar. 

Faze arder meu coração, 
partilhar tua paixão 
e teu Jesus consolar. 

Ó santa Mãe, por favor, 
faze que as chagas do amor 
em mim se venham gravar. 

O que Jesus padeceu 
venha a sofrer também eu, 
causa de tanto penar. 

Ó dá-me, enquanto viver, 
com Jesus Cristo sofrer, 
contigo sempre chorar! 

Quero ficar junto à cruz, 
velar contigo a Jesus, 
e o teu pranto enxugar.                                          

Quando eu da terra partir, 
para o céu posa subir, 
e então contigo reinar.

Memória de Nossa Senhora das Dores

       A festa de hoje liga-se a uma antiga tradição cristã. Contam que, na Sexta-feira da Paixão, Maria Santíssima voltou a encontrar-se com Jesus, seu filho. Foi um encontro triste e muito doloroso, pois Jesus havia sido açoitado, torturado e exposto à humilhação pública. Coroado de espinhos, Jesus arrastava até ao Calvário a pesada cruz, para aí ser crucificado. Sua Mãe, ao vê-lo tão mal tratado, com a coroa de espinhos, sofre de dor. Perdendo as forças, caiu por terra, vergada pela dor e pelo sofrimento de ver Jesus prestes a morrer suspenso na cruz. Recobrando os sentidos, reuniu todas as suas forças, acompanhou o filho e permaneceu ao pé da Cruz até o fim.

    Inicialmente, esta festa foi celebrada com o título de "Nossa Senhora da Piedade" e "Compaixão de Nossa Senhora". Depois, Bento XIII (1724-1730) promulgou a festa com o título de "Nossa Senhora das Dores".
     Somos convidados, hoje, a meditar os episódios mais importantes que os Evangelhos nos apresentam sobre a participação de Maria na paixão, morte e ressurreição de Jesus, marcando as suas sete dores: 1ª a profecia do velho Simeão (Lucas 2,33ss.); 2ª a fuga para o Egipto (Mateus 2,13ss.); 3ª a perda de Jesus aos doze anos, em Jerusalém (Lucas 2,41ss.); 4ª o caminho de Jesus para o Calvário (João 19:12ss.); 5ª a crucificação (João 19,17ss.); 6ª a deposição da cruz e 7ª o sepultamento (Lucas 23,50ss.).



Dos Sermões de São Bernardo, abade

(Sermo in dom. infra oct. Asumptionis,14-15: Opera omnia, Edit. Cisterc. 5[1968],273-274)

(Séc.XII)

Estava sua mãe junto à cruz

O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o menino, como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua alma (cf. Lc 2,34-35). 
Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal.

E pior que a espada, traspassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo 19,26). Oh! que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isto deixaria de traspassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?
Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.
 Talvez haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança. “E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência. Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.


Nossa Senhora das Dores - Rogai por nós.

Fontes: 
Disponível em: http://liturgiadashoras.org/oficiodasleituras/NSDores.html acesso dia 14/09/2012.

13 de setembro de 2012

Exaltemos a Santa Cruz

Por toda a terra fulgura 
a silhueta da Cruz, 
de onde pendeu inocente 
o próprio Cristo Jesus.

Mais altaneira que os cedros, 
ergue-se a Cruz triunfal: 
não traz um fruto de morte, 
dá vida a todo mortal. 

Que o Rei da vida nos guarde 
sob o estandarte da cruz, 
broquel que a todos protege, 
farol que a todos conduz. 

De coração celebremos 
a Cruz de nosso Senhor: 
Moisés de braços abertos, 
orando em nosso favor. 

A Cruz de Cristo abraçando, 
reinar possamos nos céus, 
com o Pai, o Espírito e o Filho, 
Trindade Santa, um só Deus.



Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo

(Oratio 10 in Exaltatione sanctae crucis: PG97,1018-1019)

 (Séc.VIII)

A glória e a exaltação de Cristo é a cruz

Celebramos a festa da cruz; por ela as trevas são repelidas e volta a luz. Celebramos a festa da cruz e junto com o Crucificado somos levados para o alto para que, abandonando a terra com o pecado, obtenhamos os céus. A posse da cruz é tão grande e de tão imenso valor que seu possuidor possui um tesouro. Chamo com razão tesouro aquilo que há de mais belo entre todos os bens pelo conteúdo e pela fama. Nele, por ele e para ele reside toda a nossa salvação, e é restituída ao seu estado original.
Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da vida, não se teria aberto o paraíso. Se não houvesse a cruz,a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno.
 É, portanto, grande e preciosa a cruz. Grande sim,porque por ela grandes bens se tornaram realidade; e tanto maiores quanto, pelos milagres e sofrimentos de Cristo, mais excelentes quinhões serão distribuídos. Preciosa também porque a cruz é paixão e vitória de Deus: paixão, pela morte voluntária nesta mesma paixão; e vitória porque o diabo é ferido e com ele a morte é vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos infernos, a cruz também se tornou a comum salvação de todo o mundo.
É chamada ainda de glória de Cristo, e dita a exaltação de Cristo. Vemo-la como o cálice desejável e o termo dos sofrimentos que Cristo suportou por nós. Que a cru seja a glória de Cristo, escuta-o a dizer: Agora, o Filho do homem é glorificado e nele Deus é glorificado e logo o glorificará (Jo 13,31-32). E de novo: Glorifica-me tu, Pai, com a glória que tinha junto de ti antes que o mundo existisse (Jo 17,5). E repete: Pai, glorifica teu nome. Desceu então do céu uma voz: Glorifiquei-o e tornarei a glorificar (Jo 12,28), indicando aquela glória que então alcançou na cruz. 
 Que ainda a cruz seja a exaltação de Cristo, escuta o que ele próprio diz: Quando eu for exaltado, atrairei então todos a mim (cf. Jo 12,32). Bem vês que a cruz é a glória e a exaltação de Cristo.

AMOR À CRUZ

A salvação do mundo deu-se por meio do carregamento da Cruz, na morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aceitar a cruz cotidiana, independentemente de como nos é dada, indiferentemente de seu peso ou procedência, é participar verdadeiramente da vida do Salvador.
O amor e o desapego do mundo são o sustento que não deixa-nos cair e abandonar tão salutar caminho, afinal, foi no caminho do Calvário que foram abertas as portas triunfais do Céu!
A mensagem da cruz é anunciada por séculos, nunca sendo desatualizada. Ao contrário, todos aqueles que derramam seu sangue exclamam em extraordinário som o cântico da vitória; aqueles que oferecem suas vidas em oblação, sofrem opróbrios e todo tipo de sofrimento por causa da feliz união com Jesus Padecente, são dignos do título de concidadãos do reino celeste.
As lágrimas derramadas não são perdidas; o mesmo ocorre com o sangue que banha o chão. São eles que irrigam o mundo e santificam-no. São sinais puros e santos que o amor à cruz se dá pela aceitação à vontade divina e desapego aos bens que passam.
Oh! doce e salutar madeiro! Por vós somos mais que vencedores!
Viva Jesus! Viva sua santa Cruz! Viva sua santa ressurreição a ascensão aos Céus!

10 de setembro de 2012

4º Encontro Interprovincial de Seminaristas e Formadores


No dia 07 de setembro do corrente ano, estiveram na cidade de Cianorte-PR, cerca de 180 seminaristas de todas as etapas de formação (menor, propedêutico, filosofia e teologia), 25 padres formadores e o arcebispo de Maringá, Dom Anuar Batisti, para o 4º Encontro Interprovincial de Seminaristas e Formadores.
Este é um evento que vem sendo promovido desde 2009, tendo em vista a convivência dos seminaristas da região norte do Paraná, que compreende as casas de formação das Províncias de Maringá (Maringá, Umuarama, Campo Mourão e Paranavaí) e de Londrina (Apucarana, Jacarezinho e Cornélio Procópio).
O Encontro deste ano teve início as 9:30h com um café e encerrou-se após o bingo, às 16h. No período da manhã, após a apresentação dos Seminários, Dom Anuar pode falar sobre sua vida e vocação aos presentes. Em seguida, ocorreu a celebração da Santa Missa, presidida pelo arcebispo, nas dependências da Paróquia São Vicente de Paulo de Cianorte.
O almoço se deu às 12h30min e a partir das 13h30min, os seminaristas das várias casas partilharam suas experiências de seminários, tais como: espiritualidade, vida comunitária, estudos, dentre outros assuntos. Tendo chegado ao fim da partilha, houveram mais dois momentos, o jogo de futsal e o bingo, onde foram sorteados vários prêmios incentivadores na formação (bíblia, documentos da Igreja, cd´s religiosos…) e de uso pessoal, doados por instuições parceiras.
Nós, da diocese de Umuarama agradecemos a presença de todas as dioceses vizinhas e com a Graça de Deus, estaremos juntos para o 5º Encontro Interprovincial de Seminaristas e Formadores, em Jacarezinho-PR.

Crédito das fotos: Seminarista Lucas Penariol

PS.: As fotos podem ser vistas e baixadas pelo link nas fotos acima. Em breve, publicaremos um vídeo oficial do Encontro.

7 de setembro de 2012

08 de Setembro - Natividade de Nossa Senhora

Ícone da natividade de
 Nossa Senhora

Natividade de Nossa Senhora
Tudo o que se tem narrado sobre a infância de Maria, vem da tradição oral cristã, e dos escritos da época, que não fazem parte do Evangelho.

Ao contrário dos outros santos, de quem a Igreja Católica festeja o dia da morte, no caso da Virgem Maria a lembrança se dá em função de seu nascimento. Não se sabe ao certo a data de nascimento da Virgem Santíssima, acredita-se que Maria tenha nascido 15 anos antes da era cristã Segundo antiga tradição. 
A festa da Natividade de Nossa Senhora, em 8 de setembro, foi instituída pelo bispo de Angers, na França, após misterioso canto de anjos ouvido entre os dias 7 e 8 de setembro. Seria um sinal de louvor ao nascimento de Maria. Tudo o que se tem narrado sobre a infância de Maria, vem da tradição oral cristã, e dos escritos da época, que não fazem parte do Evangelho. Exceto o que está no Evangelho de São Mateus. Nele explica que a infância de Maria foi acompanhada de infinitas graças concedidas por Deus, para evidenciar "quão grande ela seria daqui por diante".

NOSSA SENHORA nasceu pura e sem qualquer mancha, isenta dos efeitos do Pecado Original e exuberante de graças pelo Altíssimo, pelo mérito de ser a MÃE DO SENHOR. 


Oração 

Dulcíssima Menina Maria, que destinada a ser Mãe de Deus, passastes a ser também nossa augusta soberana e Mãe amadíssima, pelas graças prodigiosas que realizastes no meio de nós, ouvi, piedosa, as nossas humildes súplicas. Nas necessidades que de todos os lados nos oprimem, e especialmente nesta presente tribulação, nós nos confiamos de todo a Vós.
Santa Ana e Maria
Ó Santa Menina, em virtude dos privilégios concedidos unicamente a Vós e pelos méritos que adquiristes, mostrai-Vos ainda hoje piedosa para conosco. Mostrai que a fonte dos tesouros espirituais e dos contínuos bens que dispensais é inesgotável, porque limitado é também o poder que exerceis junto do Coração paternal de Deus. Pela imensa profusão de graças com que o Altíssimo Vos enriqueceu, desde o primeiro momento da vossa Conceição Imaculada, dignai-Vos conceder-nos, ó Celestial Menina, a nossa petição, e louvaremos eternamente a bondade do vosso Imaculado Coração. Amém.


Desenvolvido  porPe. Lucas
Disponível em : http://padrelucas.com.br/informaximo/artigos/artigo.asp?id=1083 acesso : 07/09/2012 

A bem aventurada Anna-Catharina Emmerich, narra em seu livro "Vida Paixão e Glorificação do Cordeiro de Deus", sobre a história dos pais da Virgem Maria, e como foram agraciados em gerar e criar a Mãe do Salvador, com espirito de fé possamos meditar:

Joaquim e Ana, depois de casados, levaram uma vida piedosa e benfazeja, primeiro em casa do pai,  Eliud, depois em Nazaré.
Nossa Senhora e seus pais
A filha mais velha recebeu o nome de Maria Helí; conheceram, porém, que esta não era a filha da promissão. Ana e Joaquim rezavam muitas vezes com grande devoção e davam muitas esmolas. Assim viveram 19 anos depois do nascimento da primeira filha, em contínuo desejo da filha prometida e em crescente tristeza. Além disso ainda eram insultados pelo povo. Quando um dia Joaquim quis oferecer um sacrifício no Templo, recusou-o o sacerdote, repreendendo-o por sua esterilidade.
Joaquim, muito abatido, não voltou a Nazaré, mas viveu cinco semanas escondido, com os rebanhos, ao pé do monte Hermon.
Com isso aumentou ainda a tristeza de Ana, que chorou e rezou muito. Um dia, quando rezava com grande aflição, eis que lhe apareceu um Anjo, anunciando-lhe que Deus lhe ouvira a oração.
Mandou-a ir a Jerusalém, onde se encontraria com Joaquim na Porta Áurea.
Na noite seguinte lhe apareceu de novo um Anjo, dizendo que conceberia uma filha santa; e escreveu o nome de Maria na parede.

(1) José e Joaquim tinham a mesma avó. Depois da morte do primeiro marido. Matan, pai de Jacó, ela se casou com Leví. Dessa união nasceu Matthat, pai de Joaquim.

Joaquim teve também a aparição de um Anjo; foi por isso ao Templo, ofereceu um sacrifício e recebeu nessa ocasião a bênção da promissão ou o santo da Arca da Aliança. (2) Ana e Joaquim encontraram-se na Porta Áurea, transbordando de alegria e felicidade. Ali, diz Catharina Emmerich, lhes veio aquela abundância da divina graça, pela qual Maria recebeu a existência, somente pela santa obediência e pelo puro amor de Deus, sem qualquer impureza dos pais.”
Desse modo, após muitos anos de oração fervorosa, alcançou esse santo casal, Joaquim e Ana, aquela pureza e santidade, que os tomou aptos para receberem, sem o fomento da concupiscência, a santa filha, que foi escolhida por Deus para ser a Mãe do Redentor.